segunda-feira, abril 17, 2006

Um Minuto


Um minuto de incoerências e paciências e firmeza no desencanto da minha margem.
Um minuto serviria para tanto dar e receber, para mexer e mover, aparecer e desaparecer…

Num minuto as folhas das árvores movem-se vezes sem conta no bailado eterno do vento, em conformismo com a queda da chuva de lágrimas de caminhantes de outras paragens.
Num minuto o sol navega, o autocarro despenha-se no horizonte com os fugitivos de uma nação de luta, de um desenlace mórbido de memórias que não se esgotam.
Os segundos alinham-se e engolem-se consecutivamente, os segundos não param, cada um leva um sentimento, um suspiro, ânsia, vontade, desejo, ausência de nadas e de perturbações. Tudo corre para o seu fim, nada permanece, não fica uma pegada de um sonho para eu seguir, apenas os restos do tempo, inúteis e dispersos.
Um minuto. Já passou. Num minuto pedi amor, rasguei asas na minha cama, fervilhei no teu cheiro a desígnio e vontade, juntei os restos do tempo para encontrar o nosso presente. Tão pouco tempo para uma vida inteira, tão pouco nos consola enquanto ansiamos pela outra margem do oceano, não vemos o resultado das nossas orações ao vazio, mas especulamos em sonhos que nos preenchem noites a fio.
Num minuto perdi a vontade de escrever. Os segundos do tempo permanentemente consumido pela fúria da sofreguidão, eles nunca acabam de se exercitar. Não sei bem o que desejo quando sonho à noite, sei o que vejo à minha frente, um minuto, dois, mais um pouco do teu respirar, eu dou-te um pouco mais do que tu queres, mata a tua sede e a minha enquanto a lua vai alta e os corvos flutuam em telas do meu armário. Do outro lado da estrada vi passar uma criança com caracóis despenteados, parecia um fragmento da minha infância, eu faço parte do mundo outrora estranho para mim, não tenho medo de outras margens nem de gritos estonteantes, eles anestesiam a alma e absorvem o meu rosto sóbrio em poucos instantes.
Um minuto não bastaria para contar os meus segredos, num minuto as estrelas não são enumeradas nem delimitadas por loucos.
É inútil o tempo perdido por quem não sabe encontrar-se.

3 comentários:

Anónimo disse...

gostei mt do txto... tb aprveito est breve minuto pa t deixar 1 bjnho... agora vou paxando no blog pa te ver (ou ler!) ja k andas desaparxida por ests lados!

aparexe p irmos passear=)

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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