segunda-feira, maio 29, 2006

Experiência...

Já andei à roda sobre mim própria até ver tudo fugir a uma velocidade estonteante, já me queimei a brincar com uma vela, já peguei num pirilampo para desfazer uma lenda, já trepei os castanheiros e imaginei ser a rainha do bosque. Já cresci e não quis mais ser rainha ou veterinária ou bailarina.

Já perdi a noção do tempo enquanto falava com estranhos que depois me preencheram porque me parecia conhecê-los há anos.

Já agradeci em demasia e pedi demasiado, já revirei o mundo para fazer nascer um sorriso, já me esqueci de retribuir um favor quando me apercebi que quem dá por gosto não pretende nada em troca.

Já arquitectei planos de fuga, peguei nos ténis e saí de casa, voltei no minuto seguinte porque sabia que não encontrava calor do lado de fora.

Já ouvi uma música que me tocou tanto por pensar estar a escutar a minha história, já chorei com a última página de um livro, já adormeci colada ao vidro do autocarro por não ver a paisagem mudar nunca.

Já sonhei alto tantas vezes, já fugi para o terraço para tentar agarrar as estrelas, já acreditei estar a viver num pesadelo mas depois a vida deu a volta e eu vi que tudo estava no seu devido lugar.

Já corri para os braços de alguém que depois perdi de vista, já me perdi no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma só.

Já adormeci com a noção de andar às voltas no carrossel, já provei vodca até sentir os lábios dormentes, já me deitei na praia à noite sentindo-me a pessoa mais pequena do universo.

Já suspirei por pessoas que não mereciam nem um grito. Já me atirei para o desconhecido e ainda hoje prossigo em busca do meu lugar.

Já deixei fugir as horas sentada no café, já falei dos temas mais fúteis, já tratei mal alguém e fiquei com esse peso para sempre, já prendi mensagens no meu íntimo por ver nelas lições de vida.

Já roubei um beijo. Já pedi cigarros e perdi o equilíbrio no meio da pista.

Já entreguei o corpo e a alma a uma pessoa só. Já te prendi a mão no cinema enquanto tremia com a força do filme. Já me abraçaste com tanta força que eu não me senti pequenina nunca mais.

Tudo isto faz de mim alguém? Ainda quero fazer páraquedismo, ir á minha queima das fitas, entrar numa pirâmide depois de dar a volta ao mundo, tirar uma fotografia de um momento inédito, semear mais sorrisos, pensar neste passado com orgulho e um pouco de inveja, ver o nascer do sol substituir a lua com todos aqueles que mais amo.

E mesmo assim acho pouca coisa.
(txto editado da net)

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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