A incapacidade é uma nota bastante ambígua que me persegue desumanamente…. A incapacidade de ser concreta e não abstracta nos meus pensamentos e nas teorias que construo para mim mesma, quando procuro traçar o meu mundo de papel e sombras e elas me abatem na penumbra das minhas fraquezas… Gostava de por uma vez saber qual o caminho que devo seguir para encontrar a resposta certa, mas as portas parecem todas iguais à minha frente, as pessoas apresentam os mesmos sorrisos indecifráveis, não sei bem se são de compreensão ou simpatia ou apenas por obrigação para com um dado estatuto que pretendem mostrar. Nunca percebi esse grupo de conceitos que nos submetem às ordens de outros, às ordens do nosso próprio pudor e resignação, por favor dê-me a sua alma para eu a plastificar com papel colorido, não obrigada, não quero disso, mas a sua alma está bem?, oh sim ela está óptima, perfeitamente limpa com as minhas confissões. Bah, não sei bem onde este tipo de raciocínio me quer levar ou se já é evidente a condescendência pela minha própria condição.
Por vezes é mais fácil deixar as coisas por fazer, tomarem o seu rumo porque até o cosmos avança numa soma aritmética, sincronizada com o tempo. Deixar-me ficar nessa insustentável leveza que me é tão apetecível, deixar de ouvir os gritos de palhaços e cisnes dentro da minha cabeça como borboletas desamparadas, parar de ouvir a tua voz, tu que me abraçaste noutros tempos. Gostava de dizer que a liberdade que possuo agora me satisfaz todas as necessidades, me deixa correr livremente, dançar, dormir tranquila, temer a próxima jornada com aquele nervoso tão gostoso da primeira vez. Mas quando relembro tudo desaba, o meu castelo de cartas cai por terra, desarmado pelas minhas indagações ao vazio sem correspondência de sentido.
Partir… ficar? Ouvir o que tens para me dizer ou apagar os teus vestígios? Quero dizer-te que nada mais ficou para dar, nada mais me interessa desse passado que deixei, mais nenhuma história me vai fazer perder o norte. Quero gritar ao ouvido de quem passa por mim na rua e desvia a cara para o outro lado, quero passear na corda bamba das minhas ilusões. Não pretendo ser uma pseudo-crítica de mim mesma ou do mundo que vejo fora da janela, mas queria compreender as linhas que o tecem. E se eu me deixasse envolver na sordidez das suas próprias teias?...
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1 comentário:
ai mi amore... genuinamente fantastica essa tua forma de escrever, devias mostrar esse dom mais vezes!!
beijokitah minha pukaninah... sdads d ti...
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