quarta-feira, abril 04, 2007

Elevador dos sentidos (e música febril)

Balanço frenética neste elevador dos sentidos. Eles sobem e descem como as minhas gravuras acústicas, como o teu olhar azulão debruçado na minha pele clara e nos meus estilhaços de voz rendida. Tento inventar-te nas minhas teorias e idiossincrasias do espaço. Tento inventar sempre um mundo melhor nas minhas paredes pintadas a magenta e preto, em noites de medos e fugas. Mas o mundo tem demasiadas complexidades para fraca entendedora de incompatibilidades como eu. Para mim tudo é susceptível de se conjugar e interligar entre si, de se preencher um pouco mais quase até ao infinito. Para mim, todos têm em falta uma peça, tipo alma gémea que tantos esgravatam até à exaustão, acredito que temos em falta essa peça do puzzle que outra pessoa nos trará em alguma vida, em algum lugar. Sob a forma de companhia de pequeno almoço. Ou de mera conversa espectante. Ao som de Linda Martini. Inevitavelmente.


Valerá a pena procurar e esgravatar? Assim tão exaustivamente quase parece patético e oco. Por isso me sentei no meu elevador de sentidos e deixei que ele parasse entre o oitavo e o nono andar. Até encontrar a vertigem. Ou antes a claustrofobia. E revi-me nesse espaço pequeno e escuro e não desejei mais nada. Parei de esgravatar. A música febril rodava distante num outro andar...


Então alguém entrou no elevador… e não era o fantasma do passado. Tu eras bem de carne e osso e pele e sorrisos e voz rouca e vibrante. E sinto pena de não ter acreditado bem mais cedo. Em mim, no improvável. Na peça de puzzle que me vens trazendo por estes dias. Nesse sorriso de marotice.


E tu deixas em mim tanto de ti…

Haverá ainda lugar para príncipes?...


[ gosto da forma do nosso puzzle :) ]



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