terça-feira, julho 10, 2007

­­­­­­­­­­­­­­­E pudesse eu cantar mais alto para que me ouvissem… Mas a voz falha sempre quando o vazio se instala em nós. Pudesse eu guardar cada esquisso desta peça de teatro onde estranhamente me insiro nos dias que vão passando e nas praias adormecidas por onde vagueio. Pudesse eu ser maior, mais e melhor do que aquilo que vejo ao espelho, pudesse eu ter forças para combater a doce inércia e a frívola distância que nos corrói por dentro. Acordo de manhã e sinto que é hoje, mas nunca parece ser o dia certo para voltar. Gravito suavemente por entre as nuvens do meu módico destino em busca de respostas para perguntas que nunca quis fazer, falo para pessoas que nunca pensei amar. Mas amo, e amo cada vez mais menos pessoas, porque o amor é libertador, apesar de o saber também perigoso demais para quem o vê apenas como uma falácia. Mas eu amo, e dou-me forte demais quando nem forças tenho para suportar a insustentável leveza do meu próprio ser. Dou-me assim, para que os outros vejam quem sou. Quero abrir a concha de vez e abraçar o mundo num sorriso, traçando a pincel um novo esboço do que poderá vir um dia para me fazer feliz. E choro sozinha de tristeza e emoção recordando pequenos sentidos das pessoas que quero. E desespero sozinha e falo alto para alguém que não está perto nem longe, porque nunca esteve e nunca está, e procuro esse alguém em páginas remotas da minha história que não entendo. E canto e sorrio. Sorrio sempre, mesmo quando estou triste.

E soubesse eu o que é a vida… e tivesse eu sempre a coragem nos momentos certos, e não deixasse eu sempre a oportunidade passar-me ao lado. E soubesse eu a raiz dos mistérios que nos erguem a todos nesta vida. Fosse eu outra memória que não a tua! E conseguisse eu dizer alto o quanto amo as pessoas que hoje me abraçam…

1 comentário:

Unknown disse...

Soubesse eu como não deixar a vida escapar-se-me por entre os dedos...