terça-feira, agosto 07, 2007

keep it simple...

As palavras que largo na voz são como ecos de mil lugares. Ou de um só lugar. Perdi-me nas entrelinhas fulgurantes dos meus perpétuos despertares e adormecimentos. Com lápis de cera e um papel usado desenhei o mundo à minha imagem. E ele era de planícies e sobreiros e a praia ali a um passo, e era os reflexos do mar à noite e na noite imensa dentro de mim. E era como uma vontade de ir mais além sem saber do chão que vou pisando, até chegar onde não existe mais chão porque o chão fui eu que inventei um dia para nunca mais cair no chão que não havia. Não existe chão agora, nem tectos ou muralhas. Apenas a planície e o acordar estremunhada com uma musica que cheira a café com leite e à matéria solúvel de que os sonhos são feitos. E sorrir sem saber porquê à primeira dança no areal. Com hesitantes passos de bailarina.

E as minhas incongruências são como ecos de mil lugares. Ou de um só lugar. Onde as ondas afagam gestos que nunca foram tão meus como os sinto agora pertencerem-me. É a placidez de um mar que acolhe os meus destroços. E escrevo-me de novo num tempo dócil em que as palavras corriam sem se gastarem. E sou eu reflectida num piano que inventei na ponta dos dedos, em notas soltas de uma musica que já quase sei de cor. Existe sempre alguém que canta outra canção. Espero pacientemente a próxima partitura, espero ler no meio dela, verso a verso, o meu próprio coração.

Se perguntarem por mim digam que voei.


@ Alentejo

1 comentário:

Anónimo disse...

simplesmente fantástico =)