domingo, fevereiro 10, 2008

Uma voz de poema qualquer.

Quero-te para além das coisas juntas. Quero-te para além das rosas e dos gestos. Quero-te para além das paredes que nos ardem. Em pensamento, pecamos sempre demasiadas vezes, em pensamento. Por isso quero-te para além dos astros das minhas veias nas tuas veias em veias gigantes que pulsam com o volume no máximo. E quero-te. Um pouco mais vertiginoso do que isso. No meio das insónias, dos versos, da embriaguez, do pudor e das cortinas. Quero-te para além das coisas juntas.

Ah, escreve-me, escreve-me e eu cedo, sucumbo aos intuitos viscerais mais ávidos e profanos. Escreve-me com as palavras mais sedentas e vermelhas, violentas, dóceis, fugitivas, antagónicas. Dá-me um significado ambíguo e usa-me em qualquer contexto verbal ou construção semântica. Entrelaça-me nos teus desígnios e consome-me milhares de vezes sobre o zénite incerto da decência.

Quero-te para além de tudo isso. Quero-te acima das folhas de poesia, dos cigarros, dos pianos, das viagens, do cinema. Quero-te assim estupidamente, descompassadamente. Até não suportar mais o querer-te tão desenfreadamente.

2 comentários:

Anónimo disse...

que delicia!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.