quinta-feira, setembro 20, 2007

Nas tuas mãos

Anda. Não digas mais nada. Ensina-me apenas o teu nome. A tua voz. O meu retrato. E eu sou pequena sim. E tu olhas-me e dizes que sou estranha. Mas a chuva não cai hoje deste lado. Por isso não lavamos as nossas mãos. Por isso a minha estranheza permanece.


Mas pintei-te os traços sem saber o nome dos pássaros ou das enseadas. E com os meus pés na relva desmaiei entre os teus dedos. Com os meus impulsos confiados à tua sensatez. E um nome que não sei de cor, e uma viagem por fazer, que me quebra os vazios entre os dedos. É uma nuvem daquelas onde dá para nos sentarmos a observar a praia e o murmúrio da cidade. Uma espécie de refúgio em movimento. E flores coesas no chão, e os meus passos pequeninos pelo meio delas.


E anda, não digas mais nada, deixa-me inventar-te. E ensina-me o teu nome sempre que quiseres, sempre que puderes.



1 comentário:

PAULO SANTOS disse...

Desculpa a intrusão...
Vim literalmente espiar-te.
Gostei de um comment que fizeste num blogg que frequento...
gostei deste texto!
E muito especialmente do anterior... lembrou-me algo que um dia escrevi - que te convido a visitares no meu blogg. Chama-se "cantaria" o texto!
Voltarei.