quarta-feira, dezembro 19, 2007

A toca do coelho branco da Alice (or whatever...)

Refúgios. Para quê? Se depois vais ter de sair cá para fora na cruel imensidão dos teus receios e deveres… se depois de te prenderes a algum momento no tempo vais sempre desejar não o ter feito, não te teres deixado levar pelo delírio do mundo que criaste do outro lado do espelho. Dúvidas existenciais. Porque não paraste por aqui? Só querias ver onde podias chegar com essa ideia absurda de encontrar alguém que percebesse a tua língua, a tua música. Por quereres saber mais de todas as coisas, por quereres conhecer mais de ti mesma. Apagas as regras que tanto detestas. Lanças os dados e achas piada à coisa. Por isso entraste pela toca do coelho branco sem olhar para trás e começaste a deslizar demasiado rápido. Embebida em versos, gravitas em círculos até alcançares uma quimera febril que estranhamente te agrada. E não consegues sair de lá mais agora. O coelho branco era o teu passaporte de fuga e tu já o perdeste de vista há muito. Na etiqueta do frasco aos teus pés lê-se “bebe-me” e tu obedeces sem rodeios, sem critérios. Sem vertigens, certo?...


E quando vais a dar o jogo por terminado sai-te uma rainha de copas que te trespassa as defesas. E cais no chão que alguém pisou para ti, para que sentisses, para que aprendesses. Como sempre acontece nos mundos absurdos que invades constantemente.


É a lição de voo número um. Não perder o chão debaixo dos nossos pés.


“Would you tell me, please, which way I ought to go from here?”
“That depends a good deal on where you want to get to,” said the Cat.
“I don't much care where…” said Alice.
“Then it doesn't matter which way you go…” said the Cat.
“…so long as I get SOMEWHERE.” Alice added as an explanation.

Lewis Carroll
Alice no País das Maravilhas















1 comentário:

Anónimo disse...

Carroll mas que bem...

E o coelho branco, encontraste-o? ou ainda estas no pais das maravilhas :P

beijinho